terça-feira, 27 de agosto de 2013

O casarão de Araruama

Quem passa pelo quilômetro 27 da Via Lagos, em Araruama, vê à direita um belo casarão de traços neoclássicos muito preservado. É a antiga sede da Fazenda Aurora, erguida em 1862 pelo português Francisco Pereira da Costa Vieira, onde está instalado o Museu Arqueológico de Araruama.


Tombado pelo instituto Estadual de Patrimônio Cultural, o prédio se tornou sede do museu em 2006 e é mantido pela prefeitura de Araruama.


O MAA conta um pouco da história dos povos que viveram na região antes da descoberta do Brasil. No município há 20 sítios arqueológicos onde foram localizados objetos que pertenceram aos tupinambás.


Infelizmente, por falta de estrutura adequada, o acervo de interesse arqueológico recolhido na região está no Museu Nacional no Rio de Janeiro.


Mas há visitas monitoradas, painéis e uma iconografia que ajuda os visitantes a entender um pouco do passado desta terra. O museu supostamente funciona de terça a domingo, inclusive feriados, das 9 às 17 horas, mas na nossa visita, numa quarta-feira por volta das 11 horas, estava tudo às moscas. O prédio fechado, nenhum aviso e ninguém para informar alguma coisa.
 

Se a ausência do rico acervo e a casa fechada são uma decepção para quem tenta visitar o MAA, a construção em si compensa. Além da casa grande, os anexos, armazéns, cavalariça etc, exibem o mesmo cuidado de restauração.




Nos fundos, jardins e a rampa do armazém.


O casarão, erguido no auge do ciclo do café fluminense, é um registro imponente do poderio dos barões rurais. 




Instalado num terreno de cinco mil metros quadrados de área, a quatorze quilômetros do centro de Araruama, a construção de tímido estilo neoclássico no prédio principal, descamba para o singelo estilo colonial brasileiro nos prédios secundários.


O contraste é vísivel: à esquerda o janelão com vidros, um certo acabamento na alvenaria, eira e beira. À direita, a pobreza remanescente do colonial.


Janelas e portas de tábua corrida, sem bandeira ou vidro.

O conjunto, no entanto, tem uma beleza indiscutível. Não vimos o acervo, nem ao menos o interior do casarão. Mas a vista do conjunto, o velho pátio onde o café secava, o armazém, e a sede da Fazenda Aurora, como em seu momento de maior esplendor, valeram a pena.


De passagem rumo aos lagos, vale a parada.


 (Fotos e texto: Julio Cesar Cardoso de Barros)

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Um rio, uma capela

Barra de São João, segundo distrito de Casimiro de Abreu, passou de um simples arruado à beira da rodovia Amaral Peixoto de décadas atrás a um centro bastante populoso do litoral norte fluminense. Seguindo o caminho de Rio das Ostras e Macaé, o lugar cresceu muito nos últimos tempos, talvez embalado pelos royalties do petróleo.


Mas o lugar mantém seu charme, concentrado basicamente na região da foz do rio São João, onde fica a capela de São João Batista, construída sobre um outeiro à margem esquerda do rio, em 1847 a partir da velha capela do início do Século XVII.




O prédio é tombado pelo Patrimônio Histórico. Numa pequena sepultura do adro descansa o poeta Casimiro de Abreu, o romântico que emprestou seu nome ao município.



Diferentemente de seus vizinhos, Barra de São João conservou o ar pacato, com ruas arborizadas e uma orla bem cuidada.



Nos quarteirões históricos, um casario preservado lembra os tempos coloniais.



Na orla, com seu calçadão, estão os 4 quilômetros de uma praia que se estende até Rio das Ostras. 



Mas nem tudo é beleza e ar puro, no distrito. A poluição do rio São João é um problema histórico do lugar. 



Nos anos 70, o fotógrafo Armando Rosário, preocupado com a poluição do rio, botou a boca no mundo. Sua luta, numa época na qual a ecologia ainda não estava na moda, é histórica. Passadas quase quatro décadas, a coisa mudou pouco, segundo antigos moradores.




Pescadores amadores ainda lançam seus anzóis na barra, onde robalos e bagres são fisgados graças à troca das águas do rio com o mar.



Mas ainda há despejo de esgoto urbano sem tratamento ao longo dos 120 quilômetros do belo rio. Ele preserva a pureza na altura da Reserva Biológica Poço das Antas. Mas passado o trecho, as matas ciliares cederam lugar a plantações, facilitando a poluição por agrotóxicos.


Outro perigo para o curso d'água é representado pela vazão de afluentes poluídos, como o Canal do Medeiros, que provoca enchentes em Rio das Ostras e Casimiro de Abreu.


A paisagem, apesar de tudo, é deslumbrante. Para qualquer lado que se olhe, há uma exuberância natural rara de se encontrar.




O mar, o rio e a serra compõem um quadro de rara beleza. O São João segue seu curso, resistindo às agressões de uma ocupação humana desordenada e desenfreada.


Areia, pedras e vegetação enfeitam as margens do São João. Um esforço maior na penalização dos poluidores do rio e mais investimento no saneamento seriam medidas muito bem-vindas.

(Fotos e texto: Julio Cesar Cardoso de Barros)


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A história no bairro da Passagem

O bairro da Passagem, na margem direita do canal de Itajuru, em Cabo Frio, é um marco histórico da cidade. Batizado com esse nome por ter sido o ponto do canal por onde se fazia a travessia nos tempos coloniais, o local é anterior à fundação da vila de Nossa Senhora da Assunção de Cabo Frio. É o berço do que seria a cidade de Cabo Frio. Ali surgiram as primeiras habitações e feitorias. Prédios históricos, tombados pelo Patrimônio,  como a igreja de São Benedito, estão por toda parte.


Localizado na primeira seção do canal, sua ocupação pelos portugueses se deu no início do século XVII.


Depois que o centro da povoação se deslocou para onde hoje fica o comércio da cidade, a Passagem foi ocupada pelos pescadores, que ali construíram suas casas, algumas ainda em pé.


Desde aquela época o bairro da Passagem, berço histórico do nascimento da cidade, assiste à chegada de barcos de pesca e suprimentos. 


Hoje, canoas e pesqueiros são vistos atracados no pequeno cais.


Embarcações de todos tamanhos e cores variados são vistos ao longo da margem.  


A proximidade com a foz do canal fez do antigo embarcadouro o ponto de partida para a pesca em alto mar.


O beco, com suas casinhas com janelas coloridas, liga o porto da Passagem à praça São Benedito


Construída por escravos, no século XVIII, a Igreja de São Benedito, localizada numa simpática pracinha de mesmo nome, ladeada por casinhas que conservam o desenho colonial, é uma das atrações da Passagem.


Igreja e diversos imóveis do quarteirão são tombados pelo Patrimônio Histórico.


O largo arborizado ocupa o antigo adro da igreja e tem sido tradicionalmente frequentado pela população negra de Cabo Frio, que ali dançou o jongo, ensaiou blocos carnavalescos e promoveu suas festas religiosas em honra do santo.



 Hoje o local  ostenta também bares e restaurantes que ocupam velhas estalagens e casinhas recuperadas.


A Passagem tem uma paisagem tranquila e cheia de história, é bom lugar para se visitar numa tarde ensolarada ou numa noite quente.

(Fotos e texto: Julio Cesar Cardoso de Barros)

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Festa de Sant’Anna vai até dia 10



Igreja de Sant'Anna, construída em  1743

No sábado, 10 de agosto, se encerra programação da Festa de Sant’Anna, padroeira de Búzios. As festividades começaram no dia 2 com missa, apresentação de grupos folclóricos, folia de reis, visita da bandeira do Divino, banda musical e show de Sandra Sá e da Orquestra Tabajara. A festa, que foi adiada devido à visita do papa Francisco, terá como desfecho a retirada do mastro, sábado, às 21 horas. Conheça um pouco da história da igreja de Sant’Anna.

Água 100% tratada em Búzios?


O Perú Molhado, “o maior jornal de Búzios”, publica esta semana reportagem sobre o plano de tratamento de 100% do esgoto da cidade. O projeto, que reúne a prefeitura e a concessionária Prolagos e conta com o apoio da Câmara Municipal e de deputados da região, visa a limpeza e reutilização da água tratada. Um modelo desse projeto está em implantação, patrocinado pelo Golfe Clube, que se beneficiará da água para a rega de seus campos. Orçado em 40 milhões de reais, ele prevê a reutilização da água reciclada por pousadas e hotéis da cidade e a rega de jardins públicos, evitando a contaminação do Canal da Marina e da praia de Manguinhos. Uma vez implantado, o projeto dará um importante passo rumo à quebra de uma antiga tradição da região dos lagos fluminenses, que é a de jogar esgoto in natura nos lagos e canais.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

As cores e luzes da Orla Bardot

A Orla Bardot é o ponto mais badalado de Búzios, com a Rua das Pedras, as lojas de grife, o pier, restaurantes, bares, boates e danceterias. Tudo isso atrai para o local veranistas eventuais, hóspedes dos hotéis estrelados do Morro do Humaitá e passageiros dos gigantescos transatlânticos que fazem sua parada obrigatória no paraíso fluminense.


A rua de pedras separa o calçadão, com seus bancos e jardins, dos restaurantes, sorveterias e lojas.



Ao lado do pier, os acqua-táxis transportam os turistas para as diversas praias da face esquerda da península.



Por toda a Praia da Armação, os barcos de pesca aguardam mais um dia de labuta. 


As primaveras floridas enfeitam os jardins da Orla.



Butiques e bares abrem tarde e permanecem assim até a madrugada.



O Morro do Humaitá, hotéis estrelados com vista panorâmica para a baía.


Ao longo do dia, os transatlânticos vão chegando e partindo. Eles despejam milhares de passageiros nas ruas de Búzios.



Contemplar o entardecer na Orla é programa certo para os frequentadores da cidade.


À esquerda do pier, a luz do sol, que já se pôs, ainda ilumina a paisagem.



A essa altura o vermelho já tinge as águas da Praia do Canto.



O transatlântico passa ao largo, contrastando com a silhueta dos barquinhos dos pescadores.



Finalmente é noite. É hora de se acomodar nos bares dos hotéis e pedir uma taça de champanha.



A luz artificial ilumina a copa da primavera.



À meia luz, casais namoram de frente para o pier iluminado.


A noite está apenas começando. Neste momento tem muita gente se levantando para enfrentar a balada nas grandes boates do lugar.



Os mais calmos preferem bater pernas pelas calçadas da Orla olhando as vitrines.



Na beira-mar, o vai e vem de turistas do munto todo transforma a Orla numa Babel tropical.



 Os turistas aproveitam para posar ao lado da estátua da atriz francesa Brigitte Bardot, que nos anos 60 descobriu Búzios e hoje empresta seu nome ao trecho de praia.

(Fotos e textos: Julio Cesar Cardoso de Barros)