segunda-feira, 27 de maio de 2013

O entardecer no Porto da Barra

O pôr-do-sol no Porto da Barra, em Manguinhos, Búzios, é um espetáculo indescritível. 


Praia preferida para os esportes a vela, Manguinhos é também um ponto de partida e chegada das embarcações da colônia de pesca.


Espetáculo que os visitantes costumam apreciar tomando um vinho num dos estabelecimentos que dispõem mesas ou bancos confortáveis voltados para o poente.


A luz refletida na água ofusca a vista.


O céu em brasa parece uma pintura em cores fortes.


Dos barcos ancorados ao largo, só resta a silhueta.


Os pesqueiros da colônia local descansam sobre a areia à espera de mais uma partida na madrugada.


O visual compõe um pôr-do-sol tão belo quanto o da Orla Bardot.


Mas a Barra tem uma vantagem: a tranquilidade.


Tranquilidade de final de um dia de trabalho árduo no meio do oceano.


Enquando na Orla Bardot abundam os turistas que se hospedam nos hotéis e pousadas da região da Rua das Pedras ou que chegam nos transatlânticos, em Manguinhos a frequência é mais de proprietários de casa na região.


Finalmente o sol se põe, deixando um resto de vermelho no horizonte.



De cima do pier, onde pescadores arriscam seus lances, pode-se apreciar a visita de tartarugas, abundantes no local.


O Porto da Barra conta com serviço de qualidade. O conjunto, que reúne bares, restaurantes e peixarias, foi construído sobre um braço de mangue preservado. Das passarelas rústicas o visitante pode apreciar os peixes que habitam suas águas transparentes.


A vegetação nativa, desaparecida em outras partes da península, está presente aqui, confinada no ambiente, mas exuberante.


No cair da tarde o céu refletido nas águas do mangue é um show.


Quando a noite finalmente cai, a melhor pedida é deixar os drinques e ocupar um dos restaurantes e bares do deck


Os bons restaurantes de cozinha variada - asiática, italiana, espanhola e brasileira especializada em frutos do mar - se espalham num conjunto de arquitetura agradável.


Logo mais o espetáculo recomeça, do outro lado da península, no amanhecer de um novo dia.

(Fotos e fotos: Julio Cesar Cardoso de Barros)


O valente espera-maré

Também conhecido como espia-maré, siri branco ou caranguejo-fantasma, o pobre crustáceo ficou encurralado sob meu guarda-sol, na praia do Forno, em Búzios. Criatura imprestável para o cardápio humano, esse crustáceo branco e quase transparente (razão para o nome de caranguejo-fantasma) habita toda a costa do país. Não se iluda com seu físico mirradinho. Ele é valente como era minha mãe. Enfrenta com suas puãs poderosas o gigante de duas pernas que dele se aproxima. Na primeira folga, corre de volta à sua toca, cavada na areia, acima da linha da maré, ou se entrincheira nas ondas do mar. 


Esse simpático visitante me fez lembrar da travessura que tramamos nas férias gozadas no litoral norte fluminense. A casa do tio Laerte, na praia de Guaxindiba, em São Francisco do Itabapoana, era pé na areia. Uma vivenda simples, de chão rústico e sem forro no telhado, onde passei bons verões da minha mocidade. Um palácio de felicidade. Certa vez, com a casa lotada de primos, quatro ou cinco por quarto, juntamos num balde uma dezena de espera-marés. À noite, quando cessaram as conversas de travesseiro no quarto das meninas, soltamos os bichos no chão da casa. A batucada indefectível de meia centena de patinhas se esgueirando pelos cantos foi logo decifrada pelas primas, que fizeram um escarcéu e fugiram pela janela. Bons tempos.

(Foto e texto: Julio Cesar Cardoso de Barros)

Os barcos do Farol

Para onde foi todo mundo? A cena de final de tarde na praia do Farol, no Cabo de São Tomé, litoral norte do estado do Rio, lembra um cemitério de embarcações. Os coloridos pesqueiros descansam sobre a areia, depois de um dia duro de trabalho no oco do mar. 



Quem os vê assim, descansando acima da linha da maré, imagina que estão fora de combate.


A paria do Farol é conhecida por suas águas revoltas. Quase sempre, só os banhistas mais arrojados se arriscam em suas ondas.


São águas bravias, numa orla sem pier e sem porto de atracação. 


Para entrar na água esses barcos de madeira precisam ser rebocados por tratores. 


Para sair da água o esforço se repete. Eles chegam cheios de pescado e são arrancados das águas por força das máquinas terrestres.



No cair da tarde o cenário é de grande impacto. A luz é muito boa. Mesmo em dias nublados.


Depois da breve chuva, o arco-íris se insinua, enfeitando o horizonte.


Luz e sombra deixam em destaque apenas o vermelho das areias.


Em alguns momentos, um congestionamento de embarcações.


Cenário único no litoral, resultado de uma lida pesqueira peculiar.

(Fotos e texto: Julio Cesar Cardoso de Barros)

As águas de Paraty

Cidade colonial de arquitetura preservada, a cidade do Sul fluminense convive com as marés de modo original.


O turismo é vital para a economia de diversos paraísos no mundo todo. Necessário à sobrevivência de populações nativas e, se bem explorado, fundamental para a preservação do patrimônio arquitetônico e natural de cidades e vilas. É também educativo e nos ilustra. Mas há turistas que parecem caídos do céu, quando chegam a um destino. Parecem não ter a mínima noção do que encontrarão no lugar. É normal que algumas pessoas não gostem de "velharias". É gente que se dá muito bem em Miami, mas que acharia Roma um porre. Frequentador assíduo de Paraty, cujo conjunto arquitetônico bem preservado é encantador, cansei de ouvir despautérios de turistas desavisados, que estranham suas ruas de pedras irregulares (pé-de-moleque), seu sistema de convivência com as marés, que invadem suas ruas num fluxo-refluxo habilmente controlado pela arquitetura colonial. Nada que justifique o tédio daquela turista do interior paulista irritada com a "enchente" que tomou conta da rua de seu hotel. "E olha que nem choveu".  


A depressão no centro da pista facilita o fluxo e refluxo das águas do mar. 


Os moradores convivem com as águas sem grandes transtornos.


O calçamento no estilo pé-de-moleque é responsável por muitas torções de tornozelos. Os turistas sofrem, mas os locais estão bem acostumados.


Água e pedras irregulares nas ruas: um preço a pagar pela preservação de um dos mais belos e originais conjuntos arquitetônicos do mundo.


Pousadas e hotéis se integram ao ambiente, ocupando construções históricas, rústicas, porém confortáveis.


Passear pelas ruas úmidas, escolhendo as melhores pedras para pisar, um exercício e tanto.

(Fotos e texto: Julio Cesar Cardoso de Barros)

Os tatuís de Copacabana


A praia se estende sem acidentes até o Arpoador, lá no fundo (na foto, pois é de lá que ela parte, na realidade). No final dos anos 60 e início dos 70, por obra do Pasquim, primeiro, e depois dos doces bárbaros, que a tomaram de assalto, Ipanema se tornou a praia mais badalada do Rio e do Brasil. E, pelas notas de Vinícius e Jobim, conhecida no mundo todo. Mas até então não havia páreo para Copacabana. Do final dos 50 até a primeira metade dos 60, Copa era tudo. Tia Cacilda morava no primeiro andar de um prédio do Posto Três, próximo à Constante Ramos. Os perigos eram tantos que eu, entrado na chamada terceira infância, cruzava, sem as mãos de adulto, a Avenida Atlântica, então de pista única (anterior ao aterro) e pisava na areia da Princesinha do Mar para tomar uma acossa das ondas pesadas e caçar tatuí (comestíveis, cozidos no arroz), hoje praticamente desaparecidos do lugar. Nunca houve tatuís tão grandes. Quando a onda me arrastava, eu procurava as pernas de um adulto para me ancorar. À tarde, o programa preferido era me sentar num dos bancos de concreto que enfeitavam a orla para assistir às peladas ou aos jogos do campeonato de futebol. O futebol de areia do Rio, terreno do lendário Neném Prancha, foi sempre muito badalado, motivo de bravas discussões nos bares. Foi um celeiro de craques, como o lateral Júnior, do Flamengo. Quando não havia jogo, outro prazer era tomar um lanche na Colombo, ali na esquina da Nossa Senhora de Copacabana com Barão de Ipanema, vizinha ao prédio onde morava a tia Glorinha. No cair da tarde, nada melhor do que ser arrastado pela prima Celina, de belas e longas pernas bronzeadas, para uma roda de violão no Arpoador. A Bossa Nova estava no auge e eu sofria por não ter dez anos mais.

domingo, 26 de maio de 2013

A reabertura da casa do rock


No sábado, 8 de junho, o Duo Dino, formado pelos músicos Richard e Márcio Aguinaga, faz show de reabertura da House of the Rock and Roll, em Búzios. O bar instalado no shopping N 1, no início da Rua das Pedras, é um bom lugar para se ouvir blues e rock bem tocado durante toda a semana. Comandado pelo roqueiro Luiz Antonio, o local cobra um módico couvert artístico de quem se senta a uma das mesinhas internas ou se aboleta num dos banquinhos junto ao balcão. Mas os muquiranas também têm vez, pois o palco acanhado é visível a partir dos corredores do pequeno centro comercial formado por lojas de roupas, souvenirs e bares. O som vale. Neste final de temporada de 2013, a casa fechou para reformas, mas já reabre em grande estilo. Das 18 às 19h30.



(Fotos: Julio Cesar Cardoso de Barros)